PAPO NA LADEIRA #2 COM JOÃO MARCELO – “BILLY”
No segundo episódio da série “Papo Na Ladeira” conversamos com o fotógrafo e skatista João Marcelo, mais conhecido como Billy.
Já são 37 anos anos na cena, então tenham certeza que tem muita idéia para trocar.
E de quebra ele ainda deixou aqui os sons que mais curte, seja na sessão de skate ou editando suas fotos:
1 – Primeiro contato com a fotografia? O primeiro contato com foto de skate e quanto tempo já fotografa?
Cara, foi na Revista Bicicross e depois na Visual Esportivo (tinha um cara dando um nackside num Half de Fibra de Vidro). Aquilo ficou na minha cabeça por anos, até eu ver a capa da primeira capa da Overall com o Skatista Porquê na capa, velho…
Eu tento fotografar a pouco mais de 20 anos, comecei com máquina de película, o filme 35mm mas já faz tempo, pula essa parte, kkkkkk.
2 – A fotografia de skate hoje para você é uma profissão ou hobby?
Hoje em dia eu não fotografo mais Skate, virou um Hobby, uma desculpa para poder estar presente nas sessões. Muitas razões me levaram a tomar essa difícil mas necessária decisão. Eu tenho uma outra profissão que me permite tocar minha vida então, optei por parar de investir na fotografia como negócio/profissão.
3 – O que acha essencial para fazer uma boa fotografia?
Poxa, isso depende muito. Depende do que você quer dizer com a sua Foto.
Cara, para mim fotografia sempre vai ser um discurso, uma forma de expressão, então, se for algo mais jornalístico, vc precisa entender o que está acontecendo e o que você está registrando, tem de ser imparcial, saber qual o contexto daquilo que está registrando, colocar o seu olhar sobre aquilo, mas principalmente registrar.
Se for algo mais artístico, livre, onde você tenha mais a liberdade de colocar o seu olhar sobre o que está acontecendo, é interessante que você use toda a sua bagagem de vida e registre a cena da forma como você a vê, não necessariamente como ela ocorre, afinal é sua visão. Deixe sua emoção falar pelo seu olhar, fotografe com seu coração, registre aquilo que só você viu, cada um tem uma forma de ver as coisas e pela fotografia você pode mostrar o seu, eu pelo menos tento, rsrsrsrsrs.
4 – Como ve a cena do skate de ladeira atualmente?
Cara, a cena de ladeira está com os mesmos problemas a mais de 30 anos, rsrsrsrsrsrs.
Se você assistir vídeos de 30 anos atrás, você verá o pessoal reclamando dos mesmos problemas de hoje.
Da falta de união, de briga de egos, reclamando que sua região foi menosprezada pela outra e por aí vai… rsrsrsrs. Isso não vai mudar nunca, rsrsrsrs.
Mas hoje em dia o pessoal é um pouco mais esclarecido, então as discussões raramente baixam muito nível, mas às vezes rola…kkkkk
O que a galera da ladeira tem de perceber é que só eles vão sair perdendo se não se unirem, como já vem acontecendo a décadas… Basta ver a quantidade de público que tinha nos eventos nos anos 80 e 90 e a quantidade de hoje…
5 – De 0 a 10 – Quanto acha essencial os campeonatos/encontros para a cena?
Então, assunto polêmico, rsrsrsrsrs.
Sou contra campeonatos propriamente ditos, entendo a necessidade, mas não curto. Gosto deles pelo simples fato de reunirem praticantes num determinado local e, com isso, poder encontrar Amigos que nem sempre posso.
Um evento simples, onde se consiga um local fechado e onde se organize as sessões vai ser tão divertido quanto um campeonato, até melhor, pois, tirando o Campeão, TODOS os outros, sem exceção, sempre reclamam do resultado, rsrsrsrs.
O poder que um campeonato tem na divulgação do Skateboard como diversão e ferramenta de evolução pessoal e social, um encontro bem organizado também tem, mas tem pessoas que são competitivas, respeito isso…
Pra mim, na minha visão, os encontros são EXTREMAMENTE necessários, seria um 10. Já campeonatos, leva um 7,5 rsrsrsrs
6 – Fotografia em campeonato ou role certo com o skatista ?
Cara, eu não gosto de combinar nada, a não ser o local da sessão. Então, Campeonato/Encontro ou sessão dá na mesma para mim.
Se o cara falar que vai mandar a manobra tal em tal lugar eu sempre erro a foto, kkkkkk.
Gosto da surpresa, do registro de toda a cena, da descoberta e de ver como o Skatista utiliza a criatividade e habilidades para aproveitar aquele local…
Dependendo da posição do pé e do corpo dá para se imaginar a manobra que vem e, à partir daí começa a ficar legal, pois, eu tenho frações de segundo para conseguir entender a manobra e tentar registrar da minha forma. Por isso só faço uma foto e não sequência de fotos. É um tiro, tudo ou nada, às vezes é nada, aliás, muitas vezes, hahahahahahahaha. Acho que isso eu meio que herdei da época do filme, kkkkkkkk
7 – Skate nas olimpíadas?
Caraca, querem me escalpelar mesmo heim? kkkkk
Bom, vamos lá, eu comecei a andar de Skate basicamente porque eu não tinha mais bike e ao ver uma foto de um Skatista andando num Half de fibra de vidro eu me apaixonei pelo Skate, mas eu andava de Bike por uma razão, porque não me enquadrava em nenhum esporte “comum”. Eu era o estranho e introvertido e por isso escolhi a bike e depois o Skate pois não me enquadrava em mais nada. Quando ví a entrevista com o Grosso (RIP) no Black Media fiquei estarrecido, pois o cara falava exatamente o que tinha acontecido comigo e como eu penso até hoje, então, acho que já está claro que sou contra as Olimpíadas.
Pra mim, repito PRA MIM, isso não é Skate, é Esporte competitivo e isso nunca foi Skate na minha humilde visão. Eu sou do tempo e da época onde Skatista comemorava o acerto da manobra do outro e não de uma época que um tal de NH torce para outro cair e esbofeteia um pseudo fã e ganha milhões para isso…
Entendo que seja necessário para o “E$porte $kateboarding” estar nas olimpíadas e, com isso, possa ter caixa para pagar algumas coisas, mas a minha opinião continua a mesma, Skate é para Skatistas e não para Esportistas. Para eles existem os esportes, rsrsrsrsrs Já sei que vou comprar briga com um monte de gente, rsrsrsrsrsrs.
8 – Na hora de fotografar ou editar, qual o som, ou artistas curte escutar ?
Cara, meu gosto musical é meio eclético, rsrsrsrs. Escuto quase todo tipo de som, Rock progressivo, Metal, Trash, Punk, pós-punk, música eletrônica dos anos 80/90, Rockabilly, HillBilly, Reggae, Blues, Samba, RAP, enfim, uma salada musical, então depende muito do clima e do que vou fazer…
Ultimamente tenho ouvido bastante uma banda de Rockabilly com uma pegada diferente, principalmente pq rola umas parcerias no vocal com o Sparky da banda Demented are Go que é uma banda super conceituada do Psycobilly.
Mas escuto bastante Misfits, TSOL, Black Flag, Dead Kennedys, Agent Orange e mais algumas nessa linha quando vou andar ou ver algo relacionado ao Skate. E claro, ao vivo curto demais a Banda Layback dos meus brothers Chiquinho e Rone.
Agora mesmo estava ouvindo um cara muito bom na minha opinião, chamado White Buffalo, como eu disse, um gosto bem eclético, rsrsrsrsrsrsrs.
Agradecimentos
Momento piegas, kkkkkkk
Cara, agradecer principalmente à minha esposa Silvia que está sempre comigo, em corpo ou espírito, pois nem sempre posso levá-la onde vou, rsrsrsrs.
Agradecer todos com que já tive a honra de dividir uma ladeira ou uma borda, seja andando ou registrando, à vocês do NA LADEIRA por continuarem a manter acessa a chama num momento delicado como esse que estamos passando e vocês estão aí, firme e forte se re-inventando, criando condições de seguir em frente. Parabéns MESMO!!!
Agora, para ser justo, quando se fala de Fotografia, eu tenho o DEVER de agradecer a quem me deu oportunidade de tentar aprender. Eu tive vários Mestres, sendo o principal o Eloy Figueiredo, o qual me apoiou desde o início e me cedeu livros, materiais e até mesmo equipamentos para eu poder tentar aprender. Com ele, na Revista Quarenta Polegadas eu aprendi muito, foi o meu laboratório, aprendi DEMAIS.
Eu sou um cara de muita sorte, pois tive a honra de aprender com o Eloy, com o Helio Greco, com o Diorandi Nagao, com o Shin Shikuma mano, tem idéia do que é isso?
Teve um dia que fui para Guará e quando eu vi eu estava fotogrando ao lado do Petrônio
Vilela mano… Fala Sério!!!
E teve muito mais pessoas que foram somando na minha forma de fotografar, pessoas que me inspiraram e me inspiram como o Ivan Shupikov, um baita Artista, o meu Amigo Heverton da Cold, cara, são muitas pessoas que sempre foram extremamente generosas comigo, fico com medo de esquecer alguns então nem vou citar mais nomes,rsrsrsrsrsrs.
Não posso deixar de agradecer também os FOTOGRAFEIROS, a minha Crew de Amantes da Fotografia composta por Felipe Medeiros, Jefferson Du e o Mestre Moisa.
Galera, lembrem sempre de uma coisa, sejam sempre melhores que ontem, é isso que o Skate ensina, que você pode SIM evoluir
enquanto se diverte, enquanto interagem com pessoas e se colocam como aprendizes dispostos a evoluir, no Skate e na Vida.
O principal sempre foi a diversão, não deixem isso morrer!!
Skate SEMPRE!!!!
É isso, valeu DEMAIS NA LADEIRA!!!!!
PAZ!!!
Entrevista: Guilherme Celestino
Filmagem e Edição: Felipe Arnoni
